Um dia o Rei Baaf ordenou a um de seus arautos que convocasse a todos os escritores do reino para comparecer ao seu palácio. Seu objetivo era solicitar a estes intelectuais que escrevessem belas histórias sobre ele.
"Chame também ao sábio AMMAR AL AMMAR, se ele é realmente sabido, fará parte deste evento!"
Reuniram-se todos eles no salão principal. Sobre uma mesa estavam empilhados dezenas de rolos de papiros, penas de pavão da Índia e tinta nankin especial.
"Não podem escrever cada um de vós, mais que uma página elogiando meus feitos e terão toda a manhã para realizar esta nobre façanha! Ficarão famosos, pois elas serão lidas em todos os recantos de meu reino!" Enquanto falava, olhava de soslaio para AL AMMAR, como a dizer: "desta vez você se estrepou meu filho!"
À tarde, após um rico banquete, com toda a corte reunida, se dirigiram ao coreto da praça, onde o povo aguardava ansioso a leitura das histórias.
"Era uma vez um Rei muito sábio, muito inteligente e bondoso..." "Certo soberano dono de uma beleza invejavel..." "Um Rei muito fiel à sua amada esposa Rainha...." "As moedas de ouro que o Rei guardava eram destinadas a socorrer seu povo..."
A Corte enquanto ouvia, vibrava de alegria, com as mãos engorduradas de carne reluzindo os seus anéis de ouro, com suas insígnias referentes a seus cargos. Estavam felizes pois sabiam que desta forma aquele sistema permaneceria para sempre, sem nunca ser abalado e assim poderiam viver na maior riqueza à custa do sofrimento do povo.
"E vós Grande Al Ammar que tendes a ler?"
O Sábio não havia escrito nada. Seu papiro estava em branco, enrolado como o apanhou sobre a mesa.
"Habib, não poderia deixar passar este momento em branco. Leia vós mesmos, as belas palavras que estão escritas neste rolo. Só o mais honesto dos homens poderá ler o que está escrito aí!"
Baaf desenrolou o pergaminho que estava em branco. Começou a gaguejar: "Eu... go...gosto.... mu...mu...muito....do Rei....eu acho acho...acho...que o Rei é bom...." O povão percebeu e começo a rir sem parar. Baaf tomou rapidamente o papiro de suas mãos e disse: "Agora leia de novo meu caro Soberano!". Baaf suava da cabeça aos pés: "Eu......." Ele não conseguia relembrar o que havia inventado anteriormente e o nervosismo embaçou mais ainda a sua memória. O povão ria e vaiava a Baaf e sua corte. AL Ammar entregou-lhe mais vinte rolos em branco e disse para o Rei: "Aqui tem mais histórias sobre você! São páginas em branco e se referem ao seu domínio sobre o povo que passa uma vida em branco, com a barriga vazia, as casas desprovidas de bens de consumo, os filhos sem futuro algum. Se houver uma bela história, que o povo a escreva com a espada em punho!" E saindo apressadamente da praça saudou a Baaf e à sua horrorosa corte: "Maçal El Kheir! Maçal El Kheir! Maçal El Kheir"
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