Conta-se que certa vez, o Califa Baaf Sem contemplava da torre de seu palácio, uma linda noite estrelada. Desviando seu olhar em direção ao deserto, viu pequeninas luzes brilharem ao longe.
Nada lhe poderia passar despercebido, principalmente a um homem cujo poder de maldade destroçara caravanas, oásis e vidas; assim muito lhe preocupou aquelas cintilantes luzes.
Intrigado, chamou seu Grão-Vizir e lhe mostrou o estranho aparecimento. "Ora, são apenas os olhos das feras do deserto brilhando na escuridão!" Exclamou seu Conselheiro Mor. Isto não convenceu ao Soberano. Solicitou ajuda a outro ministro: "Vós que sabeis ler o destino nas mãos e nos astros, dizei-me nobre criatura, que luzinhas são aquelas!" "Caro Baaf, são as luzes das estrelas que refletindo sobre as folhas de tâmaras de algum oásis lançam-lhe brindes de louvor!"
Nada disto confortou ao Califa que mandou buscar o Sábio Ammar Al Ammar para lhe desvendar aquelas aparições noturnas.
"Veja meu caro Baaf, são as luzes das mentes dos grandes homens que compoem a Grande Idéia de Justiça e Igualdade, que à noite se reunem para sonhar e idealizar um mundo mais justo, fraterno, livre e igual. Podereis mandar todo o vosso exército destroçá-los, mas jamais os destruirá.
A Grande Idéia é eterna. Ela é a filha mais querida do Amor Supremo. Viaja na barca da consciência, voa nas asas da justiça e no ventre começa sua idealização do germe que será.
Estendei os limites do vosso reino aos sofridos. Não atacai as caravanas do deserto para usurpar suas riquezas, mas levai água e comida aos famintos e aos camelos. Não tirai a vida de ninguém porque não vo-la possa dar. Fazei de vossa corte o salão dos necessitados.
Só assim aquelas luzes se apagarão! Allah Maik!"
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