segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O RABINO JACOB

Al Ammar estava descansando à beira de um pé de tâmara, quando um discípulo chegou apressado: "Mestre venha depressa que o Rabino Jacob vai dar uma palestra na mesquita!"
A sala ao lado da mesquita estava repleta de gente. Caravanas singraram o deserto e califas com seus emires também vieram para aproveitar a grandeza do conhecimento do Reb. Naqueles tempos os filhos de Abraão não eram hostis entre si, pois não haviam ainda sido tomados pela volúpia do mundo ocidental e nem pelos interesses econômicos, principalmente dos fabricantes de guerras e de armas que são os mesmos atores.
O olhar do Rabino tinha o alvorecer eterno da bondade e suas palavras a sintonia da ternura e da meiguice:
"Então vocês querem saber sobre o infinito? Não existe infinito! Os números não são infinitos como pensam. Infinito é a deformação de um grande conhecimento. Se você for cortando um coisa qualquer em pedacinhos, e vai cortando, chega a um mommento que não tem mais nada para cortar, então sua mente julga que chegou a um ponto de energia inicial e que se continuasse cortando, iria cortando infinitamente...O que você fez foi nada mais nada menos que ir-se desfazendo das sombras materiais de suas ilusões ópticas.... porque na realidade as coisas são uma só! O que acontece é que a mente tem sua última fronteira, porque você está usando sua mente humana! Esta confusão que fazemos com início e fim é a teia do maya que o intelecutalismo cai profundamente nela! Queremos saber como foi o início. Então achamos que tudo vem disto, isto vem daquilo, aquilo vem daquilo e chega a um momento magnânimo que devemos parar porque voltamos ao ponto inicial de nossa pergunta, ou seja: isto primordial de onde veio? Ora, é mais uma ilusão que você caiu nela. A nossa mente para sobreviver no mundo das realidades materiais precisa deste parâmetro de princípio e fim, pois se não o tivéssemos, cairíamos no primeiro despinhadeiro à nossa frente. Só que esta qualidade mental não serve para compreender o todo, o uno. Esta compreensão está além da fronteira aparente usual de nosso raciocínio. Com esta ferramenta comum ficaremos como todos estão confusos diante da ultra realidade. A mesma coisa é a respeito do Eterno, do Uno! Ora, só há UM! Se houvessem dois, a primazia caberia ao primeiro, pois não poderá haver um segundo se não houvesse a diferença entre ele e o primeiro. Também não há três, pois só há o UNO! Mas para viver no mundo material precisamos da qualidade somatória, pois caso contrário iríamos à falência total nas compras no mercado mais próximo. O que pretendo passar-lhes que não é a mente e nem a última fronteira da mente que compreenderá a profundeza do UNO e do UNO-VERSO! É só através de um salto quântico que compreenderemos isto! É só no TAO! Mas os caminhos para encontrá-lo são vários! Se o Monte Horeb não pode chegar até a Moisés, Moisés irá até o Monte Horeb! Ou, já que estou aqui: se a montanha não for até a Maomah , então Maomah irá até a montanha!"
Terminada a palestra o Rabino Jacob fez um sinal para Al Ammar chegar até ele: "Para mim é uma honra ver você aqui Al Ammar! Meu pai me contou muitas histórias sobre você. Aprendi muito com elas. Eu não seria o que sou, pois devo muito aos seus ensinamentos! Afinal de contas nós judeus e árabes somos primos! Tivemos um pai comum o Bem Aventurado Abraão!"
Al Ammar olhou bem fixo em seus olhos:"Nós não somos primos não, caro Reb! Nós somos irmãos, porque só um é o UNO!"

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