terça-feira, 15 de outubro de 2013

Al Ammar e a profecia do vidente

O Rei Baaf há muito não dormia. Do seu aposento ornado de ouro e pedras preciosas, os serviçais do palácio escutavam-no murmurando pelos quatro cantos. Devido à insônia do soberano, os shamadan's de azeite eram abastecidos a noite inteira, iluminando como dia. Em seu quarto Baaf espalhara dezenas de sabres afiados. Também ordenara dois guerreiros a guarnecerem a porta de entrada pelo lado de dentro. Vários guerreiros foram espalhados por todo o palácio. Estavam armados até aos dentes. Agora sim, chamava-os todos de habib e não faltavam afuan's a cada segundo. Em volta do palácio até mesmo um grilo seria imediatamente percebido. Todo este alvoroço surgira em torno de uma profecia de um vidente que passara pelo seu reino. Chegou manso como um cordeiro, ansioso para conhecer sua vida: "Isa bitrid, informe-me logo!" Baaf resolveu saber acerca do seu destino. "A salamo a-leikon!" Dirigiu-lhe o mago pedindo-lhe que se sentasse em frente à sua mesinha. Trouxe uma bacia de cobre e colocou nela duas porções de casca de carvalho. Acendeu-as e por incrível que pareça uma chama se ergueu daqueles gravetinhos a uma altura descomunal. O soberano chegou a afastar-se para trás de susto. O adivinho olhou bem fixo na enorme crispa e profetizou: “Um poderoso inimigo se acampou muito próximo do senhor soberano! Cabe ao senhor descobri-lo! Nada mais posso informar-lhe! Cuidado que ele vai destruí-lo!”. Baaf ficou perturbado com aquela mensagem. A primeira atitude que determinou foi prender o seu grão vizir. Felizmente a corte convenceu-o a libertá-lo, pois não havia provas nenhuma contra ele. Por cautela mandou substituir todos os trabalhadores do seu palácio. Mesmo assim o alimento que usava, era antes experimentado por degustadores. Não dormia por esta razão. Temia ser assassinado. De dia cochilava no trono às vistas de todo mundo. Cortou imediatamente todas as visitas estrangeiras. Qualquer pessoa que viesse ao seu palácio deveria entrar nua e vestiria roupas que lhe fossem oferecidas. Chegou um momento que estava prestes a enlouquecer. Pediu a um emissário que procurasse ao sábio Ammar Al Ammar onde estivesse e o trouxesse rapidamente. Cuidou de enviar como presente uma sacola de moedas de ouro. O sábio estava em um oásis a umas vinte léguas de deserto dali, conforme informações de um sheik que liderava uma caravana vinda da Pérsia. Quando o emissário chegou à tenda de Al Ammar, este percebeu por uma abertura na lona da porta um camelo preparado para uma viagem de aproximadamente três dias. Pelas cores da flâmula não tinha dúvidas que era do Reino de Baaf. “Mais uma loucura daquele tirano!”, pensou cabisbaixo. Durante toda a viagem, nem ele nem o emissário falaram uma única frase. Foi uma ordem do soberano, para que mantivesse o maior segredo possível. Quando Baaf chegou à capital de Serah, vários guerreiros conduziram-no imediatamente ao trono do Baaf: "Ahlan ua sahlan!" Claro, que ele era bem vindo! O mestre sorriu observando Amar no céu em sua crescente. "Maçal el Ktir!", Al Ammar assim cumprimentou Baaf. O soberano relatou-lhe a visão do mago atrás da enorme chama. Pediu a Al Ammar que descobrisse imediatamente quem seria este temível inimigo instalado tão perto dele. O sábio ajeitando seu turbante, falou-lhe: “Grande Rei, o inimigo está mais perto do senhor que possa imaginar!”. Baaf tremeu da cabeça aos pés e correu seus olhos enfraquecidos por todo o salão. O mestre continuou: “Este inimigo já está com o senhor desde a sua mocidade!”. Baaf olhou espantado para a rainha. Al Ammar findou: “Este inimigo está dentro do senhor mesmo! Ele se chama ambição! O senhor é tão ambicioso que seus vizinhos de uma hora para outra podem fazer uma confederação e destruir o seu reino, de medo do senhor. O senhor já guerreou com muitos povos distantes daqui, inventando mentiras sobre eles. Afirmando que eles possuíam pedras encantadas que provocavam gases mortíferos para destruição de cidades em massas! Mas o seu objetivo era saquear suas riquezas minerais! Por esta razão tornou-se um dos sultões mais ricos do Oriente. Mas acontece, soberano, que a gente colhe o que a gente planta. O senhor pode até escolher as sementes, mas não conseguirá escapar da colheita!”. Baaf ficou mais preocupado agora do que antes. O susto foi tão grande que ele adormeceu no trono. Enquanto isto Ammar Al Ammar descia mais uma vez as escadas de um palácio, deixando para trás sua grande mensagem ao mundo. Smalla'Alik!

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